Termos como “love bombing” e “ghosting” se tornaram cada vez mais comuns nas conversas sobre relacionamentos, principalmente no contexto das redes sociais e aplicativos de namoro. Ambos os comportamentos envolvem manipulação emocional e podem causar efeitos psicológicos significativos.
O psicólogo Paulo Jorge de Faria, membro da Sociedade Brasileira de Psicologia, explica que essas atitudes são estratégias de manipulação emocional. “São práticas que envolvem abuso psicológico e acabam afetando profundamente quem as vivencia”, aponta o especialista.
O que é o “love bombing”?
A expressão “love bombing” pode ser traduzida como “bombardeio de amor” e descreve a situação em que uma pessoa demonstra um afeto exagerado logo no início da relação. Presentes, elogios constantes e mensagens carinhosas são exemplos comuns.
Esse excesso muitas vezes mascara intenções de controle. De acordo com Faria, quem pratica o love bombing quer rapidamente conquistar e envolver a outra pessoa, criando uma falsa sensação de segurança e intimidade. “Por trás dessa avalanche de atenção, há geralmente a tentativa de exercer domínio sobre o outro”, ressalta.
O perigo está no fato de que, após esse início intenso, o comportamento pode mudar drasticamente, levando ao distanciamento ou até ao fim abrupto da relação.
O que significa “ghosting”?
Já o “ghosting” ocorre quando alguém desaparece de forma repentina e sem explicações, cortando qualquer tipo de comunicação. Esse sumiço inesperado costuma causar confusão e sofrimento emocional na pessoa que é deixada.
Segundo o psicólogo, essa prática se relaciona com a incapacidade de lidar com o desconforto de um término ou com conflitos. “Quem some do nada evita enfrentar o desconforto de uma despedida ou de um diálogo honesto, prejudicando emocionalmente quem fica sem respostas”, afirma.
Por que esses comportamentos se tornaram tão comuns?
Faria avalia que as redes sociais e os aplicativos de relacionamento intensificaram comportamentos como o love bombing e o ghosting. A facilidade de estabelecer conexões superficiais e rápidas, aliada à falta de envolvimento emocional mais profundo, cria um ambiente propício para essas práticas.
Além disso, ele destaca que muitas pessoas ainda não desenvolvem habilidades emocionais importantes, como a empatia, o respeito aos sentimentos alheios e a capacidade de comunicação assertiva.
Como lidar com essas situações?
O psicólogo recomenda atenção aos sinais logo no início das relações. “Se perceber um excesso de demonstrações afetivas de forma rápida e intensa, vale refletir se há coerência entre palavras e atitudes”, orienta.
No caso do ghosting, ele sugere que a pessoa busque compreender que o sumiço do outro não define o seu valor pessoal. “É importante resgatar a autoestima e, se necessário, procurar apoio psicológico para superar os efeitos negativos”, finaliza.